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Deixe que eu resolvo
por Você SA
Publicada em 23/4/2007

O executivo brasileiro, em geral, é excelente realizador, altamente comprometido com suas funções, preparado para lidar sem susto com situações de escassez de prazos e de informações. É criativo, otimista, tem equilíbrio emocional, estabelece relações sociais amplas, mas... normalmente tropeça quando o assunto é delegação. A pedra no caminho do desenvolvimento de nossos profissionais é a baixa capacidade de transmitir poder às equipes.

   


Existe, sim, a transferência de tarefas, de papéis operacionais, mas o ato de delegar ainda está longe do desejado. 'Os chefes, em sua maioria, não dão liberdade de ação a seus funcionários', afirma a consultora Rosa Bernhoeft, da Alba & Bernhoeft Associados. 'Não há espaço para que o outro julgue, decida e execute segundo os próprios métodos.'

 

Ao longo de dez anos, Rosa Bernhoeft conduziu uma pesquisa inédita sobre competências. Acompanhou a trajetória de 7 500 profissionais de 200 empresas dos setores público, hospitalar, industrial e de serviços. No fim, chegou a um perfil consistente do trabalhador brasileiro. 'O que existe atualmente é uma delegação pela metade: os funcionários assumem mais responsabilidades, mas não têm a visão do todo, não sabem qual a finalidade de tanto esforço.' Esse desencontro de informações provoca sérios ruídos no relacionamento das equipes. O chefe passa a bola para a frente, mas não deixa claro o que a organização espera do serviço. O funcionário, por sua vez, dá duro, mas vive angustiado de estar ou não fazendo bem-feito — e, por isso, resiste às novas atribuições.

 

Mas por que isso ainda acontece numa época em que o trabalho em equipe está sendo tão glorificado quanto agora? Por que é tão difícil delegar? Na opinião dos especialistas, na maioria dos casos trata-se de uma cilada armada pelo perfeccionismo. O executivo brasileiro está extremamente preso aos detalhes. Na pesquisa da Alba & Bernhoeft, 67% dos profissionais admitiram que gostam das minúcias, enquanto 91% disseram verificar as rotinas com muito cuidado. Isso, é claro, tem o lado bom: o trabalho e as decisões costumam ser executados de maneira exemplar. O problema, porém, é que, por ser tão avesso a deslizes, nosso executivo tem pouca disposição para correr riscos. O resultado é que ele acaba dando conta do recado sozinho, só para não perder tempo educando seus subordinados.

 

'Num ambiente de competição feroz, o chefe precisa mostrar que é bom, e ainda acreditar que a melhor maneira de fazer isso é virar um super-homem, concentrar responsabilidades', diz a consultora Gisela Kassoy, especialista em criatividade. 'E, centralizando as decisões, o executivo consegue fugir também de outro ponto fraco: o feedback.'

 

Há ainda uma outra questão que provoca distorções na hora da delegação: é o feitiço provocado pelo poder, o caráter de essencialidade que a empresa embute no cargo. 'Em seu imaginário, o profissional de alto escalão se acha insubstituível, relaciona qualquer falta sua à falência da empresa', diz a consultora Maria Aparecida Schirato, pesquisadora das relações trabalhistas e autora do livro O Feitiço das Organizações — Sistemas Imaginários. Para Aparecida, o discurso louva o trabalho em equipe, mas a prática empurra o líder a tomar cada vez mais decisões solitárias. 'O profissional só vai conseguir delegar se estiver muito bem resolvido tanto na vida profissional quanto na pessoal', diz Aparecida. 'Se isso não ocorre, a insegurança o massacra e ele sempre vai achar que consegue fazer melhor que os outros.'

 

Saber delegar é uma das competências mais fundamentais para quem deseja ascender profissionalmente — e se manter no topo. 'Os esforços do verdadeiro líder devem estar vinculados à estratégia, ao crescimento dos negócios da empresa e de seus talentos humanos', afirma a consultora Rosa Bernhoeft. O desafio de aprendizagem existe, mas começa a ser vencido quando o profissional encara a delegação como um trunfo, identifica o potencial de cada membro da equipe e o utiliza para obter os melhores resultados para a organização e para o próprio portfólio. Demonstrar habilidade interpessoal hoje vale ouro.

 

 

A arte de delegar

Como não fazer tudo sozinho e um pouco mais

 

Se você pretende ser um líder, é melhor esquecer aquele chefe centralizador, que acha que só ele está certo e o resto é incompetente. Os verdadeiros líderes delegam, acreditam nas pessoas, apóiam, incentivam, dividem responsabilidades e cobram resultados. E como se faz isso? Algumas respostas foram dadas por James M. Jenks e John Kelly no livro Don't Do, Delegate! (Não Faça, Delegue!), publicada nos Estados Unidos pela Ballantine Books. Veja a seguir sete princípios sobre a arte de delegar:

 

1.     Não passe tarefas sem explicar exatamente aonde se quer chegar. O diálogo é importante para que não haja mal-entendido.

 

2.     Nunca se intrometa para dizer como fazer algo ou perguntar detalhadamente como está o andamento. O importante é o resultado e não a ferramenta para chegar lá.

 

3.     Delegue também as coisas que você gosta de fazer. Isso também toma seu tempo.

 

4.     Estabeleça prazos para o fim de um trabalho. Se não ficar pronto na data prevista, seja flexível — o que para você é muito simples fazer, para outra pessoa pode ser muito difícil.

 

5.     Não delegue pela metade. Entender o projeto como um todo facilita a execução.

 

6.     Nunca passe a mesma tarefa para mais de uma pessoa. Isso cria competições desnecessárias.

 

7.     Dê conselhos, mas não interfira no processo. Demonstre confiança. Isso motiva o time todo. 


Artigo fornecido pela revista VOCÊ S/A.
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