Desempregada há oito meses, Ana Maria Beneduzi fez, na última semana, o caminho que a maior parte dos profissionais brasileiros deverá tomar nos próximos anos: publicou seu currículo num site que oferece vagas. A modalidade de busca de emprego, cada vez mais popular, seduziu a técnica em contabilidade de 49 anos quando ela navegava na Internet e viu o anúncio de um dos sites.

- É a era da Internet. A divulgação é grande e acredito que o site seja muito visitado - diz Ana Maria.

A possibilidade de aumentar o universo de possíveis empregadores é o principal atrativo que vem convencendo profissionais a preencher os formulários em páginas como www.catho.com.br, www.manager.com.br, www.curriculum.com.br, www.empregos.com.br e www.vagas.com.br. Do lado das empresas, a vantagem está na redução de custos e agilidade das contratações.

- É a democratização das oportunidades. É fantástico. Com certeza as grandes e médias empresas estão usando ou vão usar a Internet nos seus processos de seleção. Esta é uma verdade inquestionável - entusiasma-se Gilberto Guimarães, diretor da BPI para o Brasil, grupo francês que atua na área de gestão de carreiras.

Preencher cadastros na rede não era novidade para Ana Maria. As agências de recrutamento também estão solicitando currículos por meio de suas páginas. Até agora, não recebeu respostas, mas não desanima e, como preferiu um site gratuito, não sente que jogou o seu tempo fora.

Para utilizar esse serviço, há pessoas que concordam em pagar mensalidades que variam de R$ 29 a R$ 50 (em geral, a metade para estagiários). No Brasil, alerta Guimarães, ao contrário do resto do mundo, o padrão é este: são os trabalhadores - a maioria desempregados - que sustentam os sites.

Os números de sucesso das contrações pela Internet são imprecisos porque os sites não têm controle sobre o futuro do candidato. A proposta é apenas aproximar as empresas dos trabalhadores. No momento que um recrutador entra em contato com o profissional, os sites consideram seu dever cumprido.

- Nosso serviço é gerar entrevistas - explica Leandro Idesis, diretor do Manager Online.

No www.empregos.com.br, um dos poucos que arriscam um cálculo, o índice de contratação dos assinantes é de 18%. Outros 65% conseguem entrevistas, segundo Daniel Mendes, diretor executivo do site. Os números de contratação no www.curriculum.com.br foram de cerca de 10% no último semestre.

Quem ainda não conhece os sites de recrutamento vai se deparar com uma ampla oferta de vagas, endereçadas para funções de estagiários a diretores de empresas. A maioria está concentrada nas áreas comercial, de telemarketing, tecnologia, contabilidade, finanças e saúde.

( alexandre.santi@zerohora.com.br )

Como funciona

Para o profissional

Você preenche um cadastro com suas informações pessoais e profissionais nos sites. Esse formulário será o currículo que será analisado pelos recrutadores.

Os sites pagos, em geral, não cobram pelos primeiros dias de uso do serviço. Mas, se você não deseja pagar após o período gratuito, deve solicitar encerramento do cadastro.

O site, mesmo pago, não garante sua contratação. O sucesso na busca pelo emprego dependerá do seu desempenho nas entrevistas.

Em boa parte dos sites, o candidato pode oferecer seu currículo para determinada vaga exposta no site. Não é necessário esperar o contato das empresas.

As páginas também oferecem cursos, artigos e dicas para o profissional se manter atualizado no mercado de trabalho.

Para o empregador

O empregador deve procurar o site para ter uma senha e poder vasculhar o banco de currículos. Algumas páginas cobram por este serviço.

A filtragem de candidatos é feita por sistemas de busca por palavras-chave.

Há sistemas mais sofisticados que analisam os currículos e atribuem pontos para os melhores.

Alguns sites oferecem serviços especiais como aplicação e correção de provas à distância e entrevista online.

Fontes: Gilberto Guimarães, da consultoria BPI, e sites www.catho.com.br, www.manager.com.br, www.empregos.com.br e www.curriculum.com.br