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Currículo eficiente
por Você SA
Publicada em 3/10/2006

Saber organizar suas informações no papel valoriza sua trajetória profissional e garante a entrevista para aquela vaga dos sonhos

Por Tita Berton

Raul Junior

Ninguém consegue emprego só por causa de um currículo bem-feito. Mas sem um documento de apresentação eficiente, dificilmente você vai sair de sua posição atual. É colocando seus dados de maneira clara no papel que você vai se apresentar ao seu futuro empregador. É também por meio do currículo que o recrutador vai fazer a primeira interpretação sobre a sua carreira. Mesmo assim, ainda é grande o número de profissionais que não sabe organizar seus dados de maneira minimamente aceitável. 'Parece que tem gente que não aprende. E, quando você tem muitos currículos, vai por eliminação, não por inclusão', explica o consultor Carlos Diz, do Instituto de Liderança Executiva, do Rio de Janeiro. E o que leva à exclusão? Segundo Carlos, principalmente aparência estética comprometida (currículo borrado, mal paginado, muito carnavalesco), tamanho (seis páginas, por exemplo), foto e relação de todos os cursos que a pessoa fez na vida (como corte e costura ou datilografia). 'Não me faça traduzir as informações contidas no currículo. Vamos direto ao ponto', diz Carlos. O engenheiro de produção paranaense Carlos Pinto, de 38 anos, confessa: 'Eu tinha o mesmo currículo desde a época da faculdade. Toda vez que era sondado, atualizava a minha última função na Gillette, onde trabalhei durante 11 anos, e pronto'. Quando se desligou da empresa, em 2003, teve de aprender a fazer um currículo na marra -- mesmo com uma carreira numa multinacional, novas atribuições a cada dois anos aproximadamente, pós-graduação em administração financeira na Fundação Getulio Vargas e dois anos passados em Boston, nos Estados Unidos, na matriz da Gillette, com direito à pós-graduação em gestão de operações em Harvard. 'Eu queria colocar no currículo até minha expertise em soltar pipa', brinca Carlos. 'Mas não sabia destacar meus diferenciais.'

Há três anos, Carlos é gerente da divisão de operações químicas da Novartis em Resende, no Rio de Janeiro. 'Com o currículo antigo, que tinha duas páginas, mas era extremamente poluído e cheio de informações, com certeza não teria sido selecionado', diz ele, que mandou 'currículo mala-direta' (exatamente o mesmo) para diversas empresas que o interessavam e também para cerca de 40 headhunters, contrariando as regras tácitas do mercado de caça talentos (veja a reportagem Na Mira do Headhunter). O currículo bem-feito, que ele aprendeu a montar por meio de uma empresa de recolocação como parte do pacote de saída da Gillette, tinha duas páginas. Na primeira, o cartão de visitas: nome, idade, principal área de interesse ('executivo na área financeira com ênfase em custos e planejamento') e resumo das funções exercidas ('experiência em gestão de grupos de trabalho e formação e desenvolvimento de equipes'). Na segunda, os cursos feitos, as datas, os nomes das instituições e detalhes de todos os cargos exercidos no último emprego. E, no pé da página, em duas linhas, os primeiros empregos da sua carreira. Segundo ele, o antigo currículo não funcionava porque, 'dependendo do dia e da hora, o recrutador não teria tempo de ler'. Já com o currículo reformulado, o recrutador que o chamou para a entrevista do atual emprego só olhou a primeira página. 'Em 30 segundos, viu tudo o que precisava. Honestamente, nem sei se ele leu a segunda parte', diz.


RAPIDO E OBJETIVO

Existem poucas verdades absolutas na hora de pensar num currículo (veja o quadro Os 10 Mandamentos). Mas o que é unanimidade já faz com que, como Carlos, você consiga mandar um currículo no qual o recrutador encontre respostas rápidas para as perguntas dele naquele momento: quem é essa pessoa? Qual a sua formação? Onde já trabalhou e o que já fez na sua carreira? Há quanto tempo trabalha e que resultados tem alcançado? Se essa apresentação (sim, você está se apresentando virtualmente para o seu possível entrevistador) responder às perguntas básicas e se você tiver as características exigidas para a vaga em questão, bingo!, suas chances de ser chamado para a entrevista são enormes. E é para isso que você manda um currículo, para chegar à entrevista. É o primeiro passo. Só depois é que você vai ver se conseguiu o que queria: o emprego.

Formado em economia e ciências sociais, com MBA na área de finanças, o paulista Rodrigo Ventura, de 30 anos, já estudava mandarim havia seis meses quando se deparou com o seguinte anúncio em inglês: 'Empresa procura profissional fluente em português, inglês e mandarim, com MBA em finanças, experiência na área de seguros, idade entre 30 e 35 anos e mais de dez anos de experiência para desenvolver projeto na Ásia'. 'Olha isso, é a sua cara', ele ouviu da mulher. O economista, que também é fluente em francês e espanhol e já tinha trabalhado em banco, na área d ponto final e seguros, mandou o seu currículo, que valorizava as experiências e contava as realizações. Isso graças às orientações que teve durante o MBA no Ibmec São Paulo, onde aprendeu a fazer um currículo eficiente. Antes, Rodrigo tinha um documento que não falava de resultados. Pior, faltava conteúdo: só citava a empresa, o cargo atual e o pretendido e a data.

Rodrigo respondeu ao anúncio da multinacional e, graças às características apresentadas no currículo, ou seja, à história profissional que o documento contava, foi chamado para uma primeira entrevista e, na segunda rodada, ouviu um 'então, muito obrigado' antes de começar a conversa. Ele não havia levado um business plan, tarefa solicitada na primeira entrevista, mas cujo prazo não havia sido estabelecido. Ao se explicar, ganhou uma semana, elaborou o documento e hoje ocupa o cargo de gerente de projetos para a Ásia da Sistran, uma empresa de tecnologia da informação com sede em São Paulo. Até o final do ano, o economista se muda para a Ásia, onde será o presidente local da empresa. Suas pretensões, de fato, saíram do papel.

Nome: Rodrigo Messias Ventura

Idade: 30 anos

Formação: economia e ciências sociais (PUC/SP) e MBA em finanças (Ibmec/SP)

Cargo pretendido: gerente de projetos para a Ásia

Empresa: Sistran

Por que seu currículo vingou: 'Aprendi a estruturar o currículo de forma positiva, valorizando minhas experiências e apontando minhas principais realizações', conta Rodrigo.


OS 10 MANDAMENTOS
Antes de fazer (ou refazer) o seu currículo, confira essas sugestões:

1 Folha branca 
Não tem por que você tentar demonstrar criatividade ou bom gosto mudando a cor do papel. No branco é mais fácil de ler, e ponto.

2 Letra legível
Pense que o recrutador terá uns 500 (via de regra) ou 10 000 (vaga para trainee numa grande empresa) para ler. Use letra tipo Times New Roman, Arial ou Verdana no tamanho corpo 12 ou 14.

3 Duas páginas
Só pense na terceira página se tiver uma longa e excelente carreira. Na primeira, indique sua formação, experiência e suas qualidades. Na segunda, vão dados adicionais, como trabalho voluntário.

4 Dados atualizados
Nome, telefones (dois ou três), e-mail, endereço completo, nacionalidade, estado civil, número de filhos. Isso já dá uma idéia de quem você é. E faz o recrutador achá-lo com facilidade.

5 Formação
Mencione cursos de nível superior e pós-graduação. Coloque o ano em que começou e o ano em que terminou cada curso, o nome da instituição e o curso que fez, evidentemente.

6 Experiência
Em ordem cronológica, do primeiro ou do último emprego. Inclua data de chegada e saída no emprego, a empresa e o cargo. Seus melhores resultados vão em uma linha.

7 Cursos relevantes
Inclua aqui só cursos ligados diretamente ao cargo pretendido ou à especialidade em questão. Não adianta informar que fez culinária na França se a vaga é para engenheiro químico.

8 Idiomas
Se é fluente, deve enfrentar uma entrevista inteira. Se for intermediário (consegue ler e escrever, mas não acompanha uma reunião), escreva isso. E, se for elementar, escreva elementar.

9 Só a verdade
Isso é consenso. A probabilidade de você ser eliminado durante a entrevista é gigantesca. Por isso, não se exponha a uma situação tão constrangedora, que costuma enfurecer qualquer recrutador.

10  Português correto
Terminou de escrever? Releia o documento, em voz alta, várias vezes. É desatento? Não arrisque: pague para alguém fazer a revisão ortográfica para você. Isso conta pontos.


O QUE NÃO FAZER

- Nada pior do que causar no recrutador a sensação de perda de tempo. Por isso, não arrisque:

- Não mande fotos ­ A menos que você esteja se candidatando para uma vaga de comissário de bordo e o processo de seleção exija o seu envio. Se não for esse o caso, guarde as suas fotos 3 x 4 para fazer documentos ou renovar a carteirinha do clube.

- Não informe a pretensão salarial ­ Mesmo que no anúncio você leia 'informar pretensão salarial', não escreva o quanto você quer ganhar. É muito cedo para tratar do assunto.

- Não cite referências ­ Ninguém quer saber nome e telefone dos seus ex-chefes, por enquanto. Esse tipo de informação, que já foi usada, não é mais aceita como garantia. Deixe para passar esses dados se o recrutador assim os solicitar.

- Não mande sem pensar ­ Cada empresa recebe os currículos de uma forma: existem as que pedem envio por correio, outras que pedem por e-mail e outras que usam o cadastro do candidato no site. Informe-se. Isso vai poupar o seu tempo, a sua energia, o tempo dos outros e, provavelmente, vai reduzir a sua ansiedade. Afinal, você fez a coisa certa. Respire fundo e aguarde.

Nome: Carlos Alberto Pinto Silva Filho

Idade: 38 anos

Formação: engenharia de produção (UFRJ), pós em administração financeira (FGV/RJ), business degree em operations management (Harvard, EUA)

Cargo pretendido: gerente da divisão de operações químicas

Empresa: Novartis

Por que seu currículo vingou: 'Aprendi a ser conciso', diz Carlos. Seu currículo tem duas páginas. Na primeira, nome, idade, tempo de carreira, tempo no último emprego e descrição muito breve da experiência profissional. Na segunda, os cursos feitos e as datas.


Artigo fornecido pela revista VOCÊ S/A.
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