Artigos
VOCÊ S/A
Colaboradores
Atualidades
Autoconhecimento
Curiosidades
Especiais
Vida Profissional

Parceria
Curriculum.com.br
e VOCÊ S/A


Pesquisar:
Sou gagaaago...
por Você SA
Publicada em 11/9/2006

Jefferson Bernardes

... mas faço palestras. ' Saiba como dois profissionais venceram sua maior dificuldade para falar em público

Por Tatiana Vaz

Para boa parte dos profissionais, falar em público é tão necessário quanto preocupante. Tem gente que até faz terapia para superar o medo de se expressar na frente de uma platéia. Imagine, então, o desafio que isso representa para um gago! 'Na primeira vez em que dei aula, estava tão nervoso que nem consegui dizer 'boa-noite' às pessoas', lembra o paulista Pedro Mandelli, de 53 anos, presidente da Mandelli Consultores Associados, em São Paulo, gago desde criança. A boa notícia é que o medo de Pedro acabou exatamente ali, no momento em que ele encarou a sala lotada de alunas do curso de secretariado, no Senac. Seu jeito natural de se expressar, com ênfase nos gestos e olhares, prendeu a atenção de todas. E a gagueira deixou de ser um problema. 'Foi muito estimulante sentir que gostavam do que eu falava', afirma.

Pedro começou a ensinar seguindo a sugestão de uma fonoaudióloga. Além de investir no tratamento com a especialista, ele apostou em cursos de oratória e teatro. Hoje, é um dos dez palestrantes mais requisitados do Brasil e fala para cerca de 15 000 pessoas por ano sobre gestão de empresas e, em particular, de pessoas. Entre seus clientes estão o Unibanco, a Nokia e aTelefônica. Ele também é professor da Fundação Dom Cabral, em Belo Horizonte, uma das principais escolas de negócios do país. Como Pedro, outros profissionais vêm descobrindo que a gagueira não representa um limite para a carreira. Desde que você não a encare assim. 'Por pouco eu não desistia da minha vocação, que é lidar com comunicação', diz o engenheiro gaúcho Carlos Alberto Carvalho Filho, de 42 anos, diretor de marketing do Banco Matone, em Porto Alegre. 'Mas percebi que, em vez de lutar contra a gagueira, eu tinha de aprender a conviver com ela.'

Gago desde os 5 anos de idade, depois de ter sido vítima de um seqüestro relâmpago, o executivo foi uma criança tímida e com baixa estima por causa das brincadeiras dos coleguinhas de escola. No início, o receio de falar era tanto que Carlos decidiu cursar engenharia civil, pois assim não precisaria lidar muito com as pessoas, concentrando-se nos cálculos. Depois de formado e com alguns estágios no currículo, ele viu que não estava feliz na profissão. E decidiu dar uma guinada na carreira, optando por um cargo em que a comunicação era essencial: vendedor.

O primeiro emprego nessa área foi na multinacional americana Xerox. Para treinar seus argumentos de vendas, a primeira visita do dia tinha destino certo: o açougue. 'Claro que o açougueiro achava estranho toda manhã encontrar o mesmo gago querendo lhe vender uma impressora. Mas aquela era uma forma de treinar minha habilidade com as palavras e me tornar mais seguro', lembra. A estratégia deu certo. Carlos foi promovido de vendedor a gerente de vendas e ficou nove anos na empresa. 'Fiz do limão uma limonada e aprendi que a comunicação não é feita só de palavras, mas também de gestos, olhares, pausas e entonação', diz. Assim como Pedro, ele faz palestras para grandes organizações, com foco em marketing e vendas.

Tanto Carlos como Pedro desenvolveram alguns truques para driblar a gagueira. Uma dica infalível é ler muito e conhecer vários sinônimos para cada termo. 'Assim, você pode recorrer a outras opções quando sente dificuldade para pronunciar uma palavra', diz Carlos. Pedro também aposta nesse recurso, junto com outros artifícios. 'Durante as apresentações, controlo a gagueira com pausas para a respiração entre uma frase e outra', diz ele. 'Mesmo assim, quando gaguejo, brinco com isso e sigo em frente.'

COMO DRIBLAR A GAGUEIRA
Alguns truques, como pausa para respirar, facilitam a apresentação em público.
A gagueira é uma desordem da fala que se caracteriza por repetições ou prolongamentos de sons, palavras e sentenças. Em alguns casos, há um bloqueio de expressão. Isso é comum na infância, na fase em que o sistema neuromotor amadurece. Metade das crianças supera essa fase, mas, na outra metade, o problema se mantém ou se agrava. 'É muito importante que o gago procure um fonoaudiólogo especializado em distúrbios de fluência. Um psicólogo pode até ajudar com relação à auto-estima, mas não melhora a dificuldade com a fala', explica a fonoaudióloga Claudia de Andrade, professora do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Se você é gago, confira algumas dicas para driblar a insegurança e falar em público com sucesso.

* Se ainda não se sente preparado, não se force a falar. Quando chegar a hora, escolha um tema que conheça bem. Assim, fica mais à vontade.
* Lembre-se de que ansiedade e nervosismo são comuns em qualquer pessoa que vai falar em público. Uma pessoa segura, gaga ou não, tem mais chance de se expressar com mais clareza e exatidão.
* Se sentir qualquer tipo de pressão por parte dos ouvintes, não dê atenção. Fale em seu ritmo e se concentre no que vai dizer.
* Quando for difícil pronunciar uma palavra, troque-a por um sinônimo.
* Se travar no meio da apresentação, faça uma pausa e controle a respiração.
* Abuse da linguagem não-verbal, como gestos e olhares. Demonstre que uma boa comunicação não é feita apenas por meio de palavras.
* Não se considere diminuído. Procure um psicólogo se necessário para ajudá-lo a ter coragem de se expor, sem se sentir ameaçado por comentários negativos.
* Cursos de teatro, dança ou qualquer outro que proporcione contato com pessoas diferentes ajudam a vencer a dificuldade para falar em público.
* Encare a gagueira como algo natural que precisa ser controlado. Quando você age assim, o público também lida com isso com mais naturalidade. Empty Picture Box  


Artigo fornecido pela revista VOCÊ S/A.
Clique aqui e acesse o site.
Quer assinar a VOCÊ S/A? Clique aqui.

Enviar para um amigo

Voltar