Por Marcelo Abrileri*

No geral, quando as pessoas entram na faculdade para cursar Hotelaria e Turismo sonham em trabalhar em hotéis de luxo, cassinos, viajar para lugares paradísiacos, mas na hora de entrar no mercado de trabalho a realidade é outra. Quem exerce essas profissões tem como objetivo atender o cliente da melhor maneira possível, proporcionar o bem-estar dele e prestar serviços que exigem muito do funcionário.

Como São Paulo é uma cidade que não dorme e o turismo é gerado por causa dos negócios, o profissional dessas áreas deve estar disponível em horários delicados e, principalmente, nos finais de semana. Isso pode gerar desânimo ao trabalhador pela possibilidade real de ter que se afastar da família, ter pouco lazer e desgaste físico. Um aeroporto, por exemplo, fica sempre aberto, viagens ocorrem a toda hora e quem atua no setor é raro ter folga em feriados e em datas como Natal, Ano Novo e Páscoa.

Há também uma rotatividade de profissionais muito grande devido ao baixo salário oferecido aos estagiários e pelo fato da necessidade de trabalhar de segunda a domingo, com folga somente uma vez por semana (que pode ser numa segunda-feira, por exemplo). No entanto, é obrigatório fazer estágio para se formar nestes cursos. Os hotéis e as agências de turismo oferecem muitas vagas, mas quem quer trabalhar na área deve ter perfil e vontade, pois tem que saber lidar com clientes, que muitas vezes abusam do fato de serem consumidor e dão “carteiradas” (termo utilizado quando o cliente usa o peso da sua profissão para obter algum desconto ou alguma regalia dentro do hotel), mas o funcionário deve saber contornar a situação e tratá-lo gentilmente em qualquer caso. Se o profissional não tiver essas características é fácil desistir.

Frente a esse cenário, o grande problema enfrentado por empresas do ramo é a falta de profissionais com domínio em inglês e pouco comprometimento com a rotina de tarefas. Vale lembrar que quem atua em Hotelaria e Turismo deve estar sempre bem aprensentável, isso inclui cabelo arrumado e maquiagem, sorriso no rosto e muita simpatia, além da necessidade de um bom português. Isso não quer dizer que a pessoa tem que ter beleza, mas sim estar dentro dos padrões que a empresa exige. Mulheres tem que estar com cabelos presos e meias finas e o homens sempre devem estar com cabelo cortado e barba feita.

Raramente as empresas conseguem achar um candidato com todas essas qualidades. Colaborando com a dificuldade, vale destacar que os cursos de Hotelaria e Turismo são novos no Brasil comparados aos cursos de Direito, Jornalismo, Medicina, o que ajuda a explicar a carência de profissionais na área. Além disso, a maioria desses cursos não oferece qualidade suficiente para preparar bons candidatos ao mercado de trabalho e são poucas faculdades públicas que os oferecem.

Uma outra área que está ligada a essas duas é a Gastronomia, que está crescendo cada vez mais por São Paulo ser considerada a capital da gastronomia. A variedade de restaurantes e bistrôs da cidade atrai o público de todo o mundo e gera turismo e mais vagas de emprego. Mas infelizmente esse curso não é oferecido por muitas faculdades ainda, e as que oferecem cobram altos preços na mensalidade, o que dificulta bons profissionais qualificados.

Na área de A&B (Alimentos & Bebidas) os estudantes de Turismo podem atuar como ajudante de garçom (os cummins) e chegarem a ser chefe de cozinha (o que pede um curso específico de Gastronomia para chegar ao cargo).

Como é de se perceber, a Hotelaria, o Turismo e a Gastronomia estão ligadas entre si e esse triângulo pode ter seu “boom” agora, principalmente com os jogos Pan-americanos e com a entrada de turistas que vêm para assistir os jogos no Brasil, inclusive no Rio de Janeiro.

*Marcelo Abrileri é sócio-fundador e CEO da Curriculum Tecnologia e empresário com grande conhecimento em informática e Internet, atuando na área de RH pela Curriculum.com.br desde 1998. Antes da Curriculum.com.br, fundou e liderou a Tecnonet Tecnologia, especializada no desenvolvimento de projetos de Internet. Por três anos, a Tecnonet desenvolveu mais de 580 projetos de Internet para empresas como Tok&Stock, Mallory, Mesbla, Mappin, C&A, Brinks, dentre muitas outras. Atuando como principal executivo de empresas há mais de quinze anos e no mercado de Internet nos últimos onze, adquiriu grande experiência em desenvolvimento de sistemas, além de grandes conhecimentos em Administração e Marketing.


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