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  Data: 8/7/2005
  Fonte: DCI PrintScreen: Veja o printscreen da matéria original
Deficientes assumem mais espaço no trabalho

Com a intensificação da fiscalização no cumprimento da lei que estabelece cotas de contratação de pessoas portadoras de deficiência (PPDs), por parte do Ministério do Trabalho, as empresas, principalmente as de grande porte, têm de se adequar, o que está provocando o aumento da procura por esses profissionais.

De acordo com o levantamento realizado pelo Grupo Catho, no início deste mês o numero de vagas para PPDs aumentou em pouco mais de 135% em relação ao mesmo período do ano passado. “Posso dizer que a intensificação da exigência do cumprimento das contas refletiu-se em um aquecimento na procura por pessoas portadoras de deficiência”, afirma Karlo Alberto Gabriel, analista de relacionamento com clientes do Grupo Catho.

Marcelo Abrileri, presidente do site Curriculum, também confirma o aumento na procura por portadores de deficiência pelas empresas brasileiras, e reforça que em seu banco de dados o numero de PPDs que buscam oportunidades é alto: “Dos 700 mil currículos cadastrados em nosso site, cerca de 4.000 são de portadores de deficiência.'

Apesar de algumas empresas afirmarem ter dificuldades na contração de PPDs, a gerente de responsabilidade social de Organização Gelre, Maria Fátima Silva, conta que cerca de 60% dessas empresas efetuam a contratação com sucesso.

Dificuldades

Alcino Therezo Júnior, gerente de treinamento e recrutamento do Aché Laboratórios, explica que a preocupação com a inclusão de deficientes no quadro de funcionários da empresa é antiga, mas só em 2001 foi organizado um programa especifico para a inclusão, chamado IncluiRH. “A filha de um dos fundadores da empresa é portadora de deficiência visual. Este fator resultou na implantação desta política de RH inclusiva na empresa”, comenta..

Atualmente, o Aché conta com 2.200 colaboradores, dos quais 35 são portadores de deficiência física. “Sabemos que este número é muito reduzido, mas encontramos muita dificuldade na inclusão dos portadores dentro da empresa, pois 1.100 colaboradores trabalham na rua com representação”, afirma.

Segundo Therezo, o laboratório não faz diferença na hora de recrutar e selecionar os profissionais, mas os portadores de deficiência física ainda ocupam vagas operacionais como operadores de telemarketing e mensageiros. “Infelizmente, sabemos que a deficiência gera impactos na produtividade de um profissional e, por essa razão, temos dificuldade em sensibilizar os nossos gestores para a importância do cumprimento da lei”. Diz.

O diretor reforça que não há um programa especifico de sensibilização, mas que os diferentes departamentos da empresa, quando solicitam vagas, já se preocupam em adequá-las para os portadores de deficiência física ou mental. “Os nossos sete diretores são rígidos, pois alem de o hábito da empresa ser voltado para inclusão, sabemos que a fiscalização do Ministério do Trabalho tem sido rígida”, diz.

Ferramenta estratégica

Rogério de Oliveira, gerente corporativo de Responsabilidade Social da Riachuelo, afirma que a inclusão de portadores de deficiência física não se limita a uma ação social da empresa. “Sabemos que a lei das cotas tem de ser cumprida e que, se não implantássemos um Programa de Inclusão de Pessoas Portadoras de Deficiência (PPDs), logo teríamos problemas”, explica. Oliveira faz questão de ressaltar que o PPD da Riachuelo é uma ferramenta estratégica. Além de ver a equipe motivada com o desempenho do colega deficiente, a empresa também tem muitos clientes nessa mesma situação”, argumenta.

Márcia Hirata, diretora da Apoena Social Consultoria em Investimento Sustentável, conta que a contratação de seus serviços de implantação de programas de inclusão de deficientes para empresas de grande porte aumentou em 20% no primeiro semestre deste ano, se comparado ao mesmo período de 2004.

“A Lojas Riachuelo, por exemplo, precisava iniciar o programa de contratação de pessoas com deficiências a fim de cumprir as cotas determinadas pelo Ministério do Trabalho, mas tinha dificuldades com a grande quantidade de pessoas deficientes que precisariam ser contratadas, alem do fato de seus funcionários estarem espalhados por quase todos os estados do Brasil”, lembra.

Antes do início do programa, a Riachuelo contava com 37 pessoas portadoras de deficiência em seu quadro de funcionários. “As contratações deveriam ter início após o término da fase de sensibilização – junho de 2005. O que aconteceu, no entanto, foi que a medida que alguns gestores de lojas iam se sensibilizando, motivaram-se a incluir imediatamente alguns profissionais. Como resultado, no final do mês de junho de 2005 o número de profissionais deficientes na Riachuelo já havia aumentado em mais de 20%”, diz.

Fiscalização

João Baptista Ribas, coordenador de responsabilidade social do Serasa alerta, no entanto, para o fato de que a intensificação da fiscalização do Ministério do Trabalho gera, em algumas empresas, falta de critérios na implantação dos programas de deficientes. “Nós contamos com 76 portadores de deficiência no nosso quadro de funcionários. Pela nossa seriedade e preocupação em inserir profissionais com deficiências graves, nós somos reconhecidos e servimos de exemplo a grandes empresas”, comenta.

Segundo Ribas, a verdadeira inclusão social é aquela que da ao deficiente a oportunidade de ser inserido no mercado de trabalho. Mas ele critica a ação de algumas empresas: “Uma grande instituição financeira, que defende a bandeira da sustentabilidade, fez alta proposta de trabalho aos nossos funcionários portadores de deficiência e os levou já treinados e capacitados para atuação no mercado.”
- Maria Rehder



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