O mundo moderno trouxe novas formas de concorrer a uma vaga de emprego. O que antes deveria ser feito gastando a sola do sapato, hoje pode ser resolvido por e-mail. O velho currículo de papel só tem sido exigido em uma segunda etapa de seleção e, às vezes, é plenamente substituído pelo documento online.

Porém, ao mesmo tempo em que concorrer a uma vaga pela internet facilita a vida do candidato, também pode pregar peças nos desatentos _ que correm o risco, até, de serem marcados por um mau comportamento virtual. Para não cair nessas armadilhas, é preciso ter muito cuidado em perfis de redes sociais e no envio de currículos. Cuidado, aliás, é a palavra chave, aliada ao bom senso, para conseguir uma vaga.

Nesta reportagem, você vai conferir bons exemplos a seguir e dicas preciosas para ter uma boa reputação no mundo virtual e não estragar as possibilidades de conseguir um bom emprego pela internet.

Sem pretensão, com muito cuidado



Currículos malfeitos, longos demais e cheios de erros de Português podem ser sumariamente deletados por recrutadores que os recebem. Da mesma forma, aqueles bem escritos e objetivos despertam a atenção de quem está fazendo a seleção. Foi o que aconteceu com Gilvano da Silva Fernandes, 34 anos.

Mesmo empregado como instalador de linha fixa em uma empresa de telecomunicações, ele decidiu cadastrar o currículo em um site que reúne diversas vagas. Contando com dicas da mulher, Ana Paula, que é relações públicas e está desempregada, fez um material objetivo.

– Coloquei ali somente a experiência que importava, na área que a empresa queria e também na qual eu queria trabalhar. Daí, fui chamado para uma entrevista – conta.

Ser objetivo chama a atenção de quem recruta

A psicóloga Karine Almeida, da agência Suporte RH, viu os dados de Gilvano no site, no qual costuma buscar candidatos, e teve sua atenção chamada:

– O currículo estava completo e resumido, em duas páginas. E tinha um detalhe muito importante: ele escreveu, logo no começo, qual era o objetivo profissional dele. Depois de passar por mim, o Gilvano foi entrevistado pelo coordenador da empresa, que também o aprovou.

Karine explicou ainda que todas as informações que estão no currículo podem ser checadas pelo recrutador durante a entrevista. No caso de Gilvano, foi o que aconteceu: ele provou que entendia do assunto ao ser questionado.

Agora, Gilvano está empregado como analista de infraestrutura e fiscalização em uma empresa de São Paulo que presta serviços no Rio Grande do Sul – feliz da vida, com um aumento no salário em torno de 40% em relação ao emprego anterior. A dica que ele dá?

– Tem que ser específico, escrever no currículo o que é importante para conquistar a vaga que a pessoa quer – afirma o rapaz.



Cuidado com as redes sociais!

Fotos de roupa de banho, na beira da piscina, bebendo cerveja. Com certeza, essa é uma imagem que um recrutador nunca encontrará em um perfil de redes sociais do publicitário Alan Souza Lupatini, 23 anos. Os interesses dele no mundo do trabalho ficam evidentes no LinkedIn – sistema que reúne usuários e empresas com o objetivo de fazer conexões baseadas em objetivos profissionais.

Ali, Alan participa de grupos de discussão sobre a área em que atua, produção de conteúdo em mídias sociais, buscando construir conhecimento. Atualmente empregado, surpreendeu-se ao receber uma proposta de uma grande empresa no LinkedIn.

– Recebi uma mensagem com uma oferta de emprego, mas achei que não me encaixava no perfil e não respondi. Dias depois, a pessoa insistiu, eu retornei e foram duas semanas até ser admitido. Começo no início de setembro – comemora Alan.



Ter atenção nunca é demais

Julia Hickmann Morés, que faz parte da área de recursos humanos da empresa em que Alan foi contratado, explica que o diferencial dele foi a experiência profissional, que constava no seu perfil no site.

– Para vagas de TI e mídias sociais, o LinkedIn tem funcionado bastante. Tem valido mais a pena procurar candidatos nesse tipo de rede social do que anunciar em jornais – comenta Julia.

Além de manter seus dados atualizados e colocar no perfil conteúdo condizente com a profissão, Alan tem outros cuidados em relação às redes sociais.

– Não coloco fotos em que estou com uma aparência ruim, evito um humor de gosto duvidoso, que possa ser mal interpretado por alguém. Também nunca falarei mal de um chefe ou reclamarei que tenho de trabalhar domingo numa rede social. Na dúvida, melhor ficar calado. Essa é a minha regra de ouro! – finaliza.



Sites com chances são alternativa

Existem muitas opções de sites que reúnem centenas de vagas em todo o país. Essas páginas virtuais funcionam como um portal, repleto de possibilidades, desde cadastro gratuito de currículo até oferecimento de serviços, pagos, de orientação profissional.

No Pense Empregos, por exemplo, os candidatos podem concorrer a mais de 2,3 mil em Porto Alegre e na Região Metropolitana, por meio de um cadastro. Durante sete dias, a inclusão do currículo é gratuita, passando a R$ 7,90 mensais a partir daí para quem quiser continuar participando. Entre as oportunidades oferecidas, estão as funções de auxiliar de produção, auxiliar de serviços gerais, auxiliar de cozinha, operador de caixa, torneiro mecânico, estoquista e auxiliar de limpeza.

Mas é preciso ter cuidado para não registrar os seus dados, como número do RG (identidade) ou do CPF, em sites mal intencionados, que possam usá-los de forma ilegal – por isso, busque referências sobre eles. Por exemplo: faça uma pesquisa com o nome do site na internet e cheque se existem reclamações. Uma boa opção é pesquisar no site Reclame Aqui! (www.reclameaqui.com.br), que reúne denúncias de consumidores de todo o país sobre diversos produtos e serviços.

Confira algumas opções de sites de empregos

Cadastro de currículo gratuito

* www.infojobs.com.br

* www.vagas.com.br

* www.curriculum.com.br

* www.bne.com.br

* www.zap.com.br/empregos

Cadastros pagos

* www.penseempregos.com.br

* www.empregos.com.br

* www.balcaodeempregos.com.br

* http://empregocerto.uol.com.br

* www.deolhonoemprego.com.br



Novas formas



Abreviando o caminho entre a captação e a contratação de novos colaboradores, as companhias aderiram ao uso de softwares que auxiliam no filtro dos perfis recebidos. Por meio desses programas, é possível ter mais qualidade (por levantar mais informações sobre o concorrente), velocidade (pela possibilidade de dar retornos online aos candidatos) e economia (pois dispensa a realização de etapas presenciais).

– Um processo que antes levava 30 ou 40 dias, hoje leva dez – afirma o presidente da Elancers e sócio diretor da Consultants Group by Tegon, Cezar Antonio Tegon.



Desclassificação por causa de perfil

Agilidade de escolha para empresas, risco de exposição para os candidatos. Profissionais de todas as áreas devem ficar atentos aos seus perfis pessoais nas redes sociais, adverte o diretor de Vendas e Marketing da Vagas, Luís Testa:

– Assim como essas novas ferramentas são essenciais para alimentar seu networking (rede de relações), elas também são usadas pelos selecionadores para conhecer melhor os candidatos. Se esse profissional tiver algum comentário pejorativo, preconceituoso, se os valores que ele apresentar ali forem conflitantes com os da empresa, isso pode desclassificá-lo.

Além disso, as entrevistas à distância devem ser encaradas com a mesma seriedade do que as feitas pessoalmente, adverte o diretor da Metta Capital Humano, Gustavo Ávila:

– Ao responder a um teste ou um questionário, o profissional deve ter consciência de que esta sendo avaliado. A sua maneira de escrever, de se expressar, tudo conta. Além disso, há possibilidade de serem realizadas etapas via webcam. Nesse caso, o candidato deve se portar como se estivesse na empresa. Não é porque ele vai estar em casa que deve estar de abrigo ou descabelado.

CURTA ESSA!

Se você está procurando um emprego pela internet, copie e cole essas dicas no seu perfil!



Currículo

* Revise e atualize seu currículo periodicamente.

* Evite a linguagem do “internetês”, como “qdo”, “vc” etc.

* Currículos mal elaborados e com erros de português, por exemplo, podem refletir uma imagem errada do candidato e desperdiçar uma oportunidade de entrevista.

* Defina quais são as suas áreas de interesse para receber por e-mail as oportunidades de empregos que estejam de acordo com o seu interesse e perfil profissional.

* Se você já tiver passado por áreas administrativas, não escreva, na sua experiência profissional, apenas  “administrativo”. É preciso descrever as funções que exercia (entregas, controle de pagamento). O mesmo vale para secretárias ou outros perfis que podem abranger inúmeras atividades.

* Ao enviar um currículo anexado em um e-mail, nunca mande-o sem qualquer mensagem. Assim, o recrutador poderá simplesmente descartá-lo pelo desleixo do candidato em não dar informações.

* Nesses casos, coloque no assunto do e-mail o nome da vaga. Além disso, escreva uma mensagem apresentando-se e dizendo qual seu objetivo com aquele e-mail. Encerre com um agradecimento e assine com seu nome completo e telefone de contato logo abaixo.

* Antes de enviar o currículo por e-mail, não custa nada dar uma ligada para a agência e avisar que está enviando. Fica simpático e você deixa o recrutador atento à sua mensagem.

* Alguns especialistas acreditam que o currículo cadastrado em um site, por exemplo, não precisa ser curto. Se a pessoa deseja concorrer a um emprego em mais de uma área, pode colocar os dados relativos  às duas funções no currículo online.

* Mas, importante: esses dados devem ser pertinentes, relevantes e relacionados ao objetivo profissional. Assim, quando os sistemas de busca das empresas agirem, poderão encontrar o seu perfil em mais de uma área.



Redes sociais

* Cuidado com seu perfil nas redes sociais: muitas empresas conferem Orkut, Facebook e Twitter de candidatos para ver como é seu comportamento.

* As empresas costumam anunciar novas vagas e programas de estágios e trainees nas mídias sociais. Em alguns casos, também criam fóruns de discussão sobre os seus processos de seleção nesses sites.

* Por meio deles, os candidatos interagem, e os selecionadores podem conhecê-los e avaliá-los melhor.

* Se você está desempregado, diga isso na rede social e comente que você está em busca de uma nova vaga. Assim, seus amigos ficam sabendo e podem indicá-lo para alguma vaga que surgir em empresas que conhece.

* Nunca fale mal da empresa em que trabalhava ou do seu ex-patrão no Orkut ou no Facebook. Esse erro é gravíssimo, pois possíveis empregadores podem achar que você vai constranger a empresa publicamente de novo, da mesma forma como fez antes.

Como fazer

* Por meio de sites especializados em empregos, ou mesmo pelos links “trabalhe comigo” nos sites de empresas, o profissional pode encaminhar currículo. As organizações selecionam os concorrentes que estiverem dentro do perfil desejado e costumam chamá-los para a entrevista presencial.

* Em alguns casos, antes do contato pessoal com o selecionados, o candidato pode passar por testes ou fóruns online. Há também possibilidade de enfrentar uma entrevistas via webcam.



Posicione-se!

* Busque diariamente por vagas e envie seu currículo atualizado para aumentar as chances de ser chamado para uma entrevista.

* Mantenha-se atualizado. Algumas empresas especializadas oferecem cursos online gratuitos.

* Como no mundo offline, não fique esperando as empresas entrarem em contato. Seja proativo e vá atrás delas pela web também.



Cuidado!

* Existem centenas de sites de empregos, por isso, verifique se os que você vai se cadastrar são confiáveis. Faça uma busca por reclamações na internet, verifique se algum amigo já usou o serviço. Você pode também fazer uma pesquisa no Procon da sua cidade para verificar se existe alguma denúncia.

Fontes: diretor da AST Facilities, Flávio Nascente dos Santos, e gerente do Pense Empregos, Helena Dall Pizzol, diretora da agência Suporte RH, Karine Almeida, e presidente da Curriculum, Marcelo Abrileri.