Foram 233 avisos de mortes nos últimos 4 dias na província da Colúmbia Britânica. A cidade de Lytton bateu pelo 3º dia seguido o recorde de maior temperatura já registrada no país: 49,5ºC.

Centenas de pessoas morreram repentinamente nos últimos dias na Colúmbia Britânica, província no oeste do Canadá, em meio a uma onda de calor sem precedentes na América do Norte.

A cidade de Lytton, que fica a 250 km ao leste de Vancouver, teve pelo terceiro dia consecutivo na terça-feira (29) o recorde de maior temperatura já registrada no Canadá: 49,5ºC.

A marca canadense é quase 5°C acima do recorde histórico de calor no Brasil, que é 44,7°C (atingida em novembro de 2005 em Bom Jesus do Piauí, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia).

As altas temperaturas têm afetado também o oeste dos Estados Unidos, com cidades nos estados de Washington e do Oregon também registrando recordes (veja mais abaixo).

https://g1.globo.com/mundo/video/onda-de-calor-extremo-deixa-mais-de-200-mortos-no-canada-9647119.ghtml

Autoridades da Colúmbia Britânica, província onde fica Vancouver e Lytton, receberam 233 avisos de mortes entre sexta-feira (25) e segunda-feira (28), contra uma média de 130 em períodos normais.

Os serviços de medicina forense da província afirmaram que “o calor extremo desempenhou um papel” no “aumento importante do número de mortes”.

Já a polícia federal canadense disse em um comunicado que idosos são a maioria das vítimas. “Acreditamos que o calor contribuiu para a maioria das mortes”.

Calor em Vancouver

Desde sexta, ao menos 134 pessoas morreram repentinamente na região de Vancouver, cidade na costa do Oceano Pacífico que tem cerca de 675 mil habitantes e é a principal da Colúmbia Britânica.

A cidade registra há vários dias temperaturas acima de 30ºC, muito acima da média de 21ºC nesta época do ano. Na estação de esqui de Whistler o termômetro atingiu 42ºC.

Pessoas tentam se refrescar do calor em Chestermere, na província de Alberta, na terça-feira (29), no Canadá — Foto: Jeff McIntosh/The Canadian Press via AP

“Vancouver nunca havia registrado um calor semelhante e, infelizmente, dezenas de pessoas morreram”, afirmou o porta-voz da polícia da cidade, Steve Addison.

“Estou preocupado com as pessoas mais velhas que moram no leste de Vancouver, que não têm um lugar arejado para viver e dormir”, disse Graham Griedger.

“Nunca foi tão forte, nunca via nada assim. Espero que não volte a acontecer porque é demais”, afirmou Rosa, moradora da cidade, à agência de notícias France Presse.

Cidades abriram “centros de resfriamento”, suspenderam as campanhas de vacinação contra a Covid-19 e algumas escolas estão sem aulas. Aparelhos de ar-condicionado e ventiladores estão em falta na região.

Pessoas tentam se refrescar do calor em Chestermere, na província de Alberta, na terça-feira (29), no Canadá — Foto: Jeff McIntosh/The Canadian Press via AP

Além da Colúmbia Britânica, foram emitidos alertas para as províncias de Alberta, Saskatchewan e Manitoba e partes dos Territórios de Yukon e do Noroeste.

Recordes também nos EUA

Nos Estados Unidos, a onda de calor afetou Portland (no estado do Oregon) e Seattle (Washington). Conhecidas por seu clima ameno e úmido, as cidades tiveram as maiores temperaturas desde o início dos registros, em 1940.

Na tarde de segunda-feira (28), os termômetros atingiram 46,1ºC no aeroporto de Portland e 41,6ºC no de Seattle, segundo o Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA (NWS, na sigla em inglês).

Meninas mergulham em cachoeira de parque em Washington D.C. em 28 de junho de 2021, em meio a uma onda de calor histórica que atinge grande parte dos Estados Unidos e do Canadá. Trechos dos Estados Unidos e do Canadá. — Foto: Jim Watson/AFP

A onda de calor também provocou vários incêndios florestais nos dois países, devido a um fenômeno conhecido como “cúpula de calor” (em que altas pressões prendem o ar quente na região).

“As ondas de calor estão se tornando mais frequentes e intensas à medida que as concentrações de gases de efeito estufa aumentam as temperaturas globais”, alertou nesta terça-feira a Organização Meteorológica Mundial.

“Elas começam mais cedo e terminam mais tarde, causando um impacto cada vez maior na saúde humana e nos sistemas de saúde”, afirmou a organização, que tem sede em Genebra, na Suíça.

Fonte: G1 Globo