O ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP), anunciou nesta quinta-feira (11) a criação de um plano para aumentar as estatísticas de atendimento a homens na rede pública de saúde do Brasil. Para o ministro, os homens vão menos aos serviços de saúde porque trabalham mais.

“Eu acredito que é uma questão de hábito. Os homens trabalham mais, são os provedores da  maioria das famílias e não acham tempo para a saúde preventiva. Isso precisa ser modificado. Nós queremos capturá-los para fazer os exames e cuidar da saúde. A meta destes guias é fazer que nossos servidores  orientem os homens, que normalmente estão fora [de casa], trabalhando”, disse o ministro nesta quinta-feira.

Apesar da declaração do ministro, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) de 2014 mostram que as mulheres têm uma jornada semanal de quase cinco horas a mais que os homens, incluindo a jornada de trabalho doméstico. Apenas no trabalho doméstico, a jornada feminina, de 20,6 horas, é mais do dobro da observada para os homens, de 9,8 horas por semana. Considerando a “dupla jornada”, elas trabalham em média 56,4 horas semanais, contra 51,6 horas deles.

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Os planos “Homem que se cuida curte todas as fases da vida de seus filhos – pré-natal também é coisa de homem!” e “Diagnóstico: homens morrem mais que mulheres e doenças que mais matam podem ser prevenidas” foram anunciados durante evento no Ministério da Saúde.

O ministério planeja aumentar os índices de atendimento a homens na rede pública de saúde. De acordo com a pasta, a cada três pessoas adultas que morrem por “causas externas”, dois são homens.

‘Pré-natal do homem’
Com a iniciativa, a pasta quer aproveitar o momento em que a gestante faz o pré-natal acompanhada do marido para “capitanear” o homem, que está em um momento “mais sensível”. A entrega das duas cartilhas deve ser realizada por agentes comunitários de saúde.

De acordo com o levantamento, homens de 20 a 59 anos morrem mais que mulheres por doenças relacionadas a circulação e aparelho digestivo. Em média, os homens vivem 7,3 anos a menos que mulheres.

O estudo aponta que 31% dos homens afirmaram ao Ministério da Saúde que não buscam atendimento em postos de saúde. A justificativa da maioria (55,1%) é de nunca ter necessitado do serviço

O Ministério da Saúde já realiza o atendimento estendido aos homens em São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Paraná, segundo Barros.  A capacitação de cerca de 800 profissionais de saúde de todos os estados e do DF ocorre até dezembro de 2016. Desde 2009 existem orientações na Política Nacional de Saúde do Homem sobre a realização do “pré-natal do homem”.

Segundo Barros, os estados que adotaram a mudança de comportamento na atenção básica reduziram “significativamente” a necessidade de encaminhar os pacientes à rede de saúde. O ministério lança as cartilhas na semana em que é comemorado o dia dos pais para alcançar “todos os membros da família” sobre a importância dos atendimentos preventivos.

Fonte: G1