Um candidato bem alinhado vale mais do que um talento
Vivemos, sem dúvida, a Era do Talento.
Nunca o capital humano foi tão valorizado. Em um mercado cada vez mais acirrado e competitivo, são os bons colaboradores que fazem a diferença. Estratégias, tecnologias e processos são importantes, mas é a pessoa certa no lugar certo que cria e sustenta o sucesso de uma empresa.
Como afirma Peter Cheese, diretor de Human Performance da Accenture, em seu livro The Talent Powered Organization:
“Saímos da Era da Indústria e fomos para a Era do Serviço. Agora estamos saindo da Era do Serviço e entrando na Era do Talento.”
Nesse cenário, as empresas estão cada vez mais focadas em atrair e reter talentos.
Mas será que é o talento mesmo, o que precisa ser encontrado?
Ou será que há algo mais aí que precisa ser compreendido e avaliado com mais atenção?
Afinal, o que é talento?
Na antiguidade, “talento” era uma medida de peso e não qualquer peso: era o da moeda mais valiosa do país. Ter um talento significava, literalmente, possuir uma fortuna.
Hoje, o significado evoluiu, mas a essência continua: no mundo corporativo, talento representa alguém raro, valioso, acima da média. Por isso, quando uma vaga se abre, é comum ouvir: “Estamos em busca de um talento”.
Mas será que talento é sempre a melhor escolha?
O que pode ser ainda mais valioso do que um talento?
Ninguém duvida que Ayrton Senna foi um talento. Mas… será que ele seria um bom gerente comercial?
Albert Einstein foi um gênio. Mas… funcionaria bem como gerente de suporte técnico?
Mozart era um prodígio. Mas… seria um bom programador?
Essas perguntas soam estranhas — e são mesmo. Mas servem para ilustrar um erro recorrente no mundo corporativo:
Confundir talento com adequação à vaga.
Nem todo talento resolve seu problema.
Porque contratar não é só escolher o melhor é escolher a pessoa certa para o lugar certo.
Um candidato pode ser brilhante e ainda assim fracassar na sua empresa. Por quê? Porque o que realmente faz a diferença é o encaixe: o alinhamento entre o perfil do profissional, os requisitos da função, a cultura da empresa e as expectativas do cargo.
Será que Ayrton Senna acordaria animado para visitar clientes e bater metas comerciais? Será que teria o perfil comportamental, as competências emocionais e a motivação necessária para essa função?
Será que ficaria feliz nessa cadeira? Ou se frustraria e sairia em poucos meses?
O mesmo vale para Einstein e Mozart. Geniais? Sem dúvida. Mas talvez não no papel que você precisa preencher.
O talento impressiona. Mas o alinhamento é o que gera resultado.
O que é, então, uma boa contratação?
Uma boa contratação é aquela que preenche, de forma concreta e equilibrada, os seguintes critérios:
Alinhamento técnico e funcional:
Alinhamento comportamental e motivacional:
Alinhamento cultural e estratégico:
Ou seja: o candidato ideal é aquele que combina perfeitamente com a função, o momento da empresa e o contexto do time.
Talento é uma peça valiosa, mas alinhamento é achar a peça que faltava ao quebra-cabeça.
Contratar alguém apenas porque estudou em instituições de renome como USP, ITA, Cambridge ou Harvard pode parecer uma aposta segura, mas não garante bons resultados.
Esses títulos falam sobre potencial. Mas o sucesso na contratação exige compatibilidade real com a função.
Não adianta ter um gênio em física liderando atendimento. Ou um mestre em música cuidando de planejamento estratégico. Ou um expert em matemática frustrado com tarefas repetitivas que detesta.
O talento certo no lugar errado gera frustração. E frustração gera rotatividade, baixo desempenho, conflitos e prejuízo.
Por outro lado, um profissional alinhado entrega mais, com mais alegria, por mais tempo.
O melhor candidato não é o mais brilhante. É o mais alinhado.
Por isso, ao contratar, precisamos mudar a pergunta.
Em vez de perguntar: “Quem é o melhor profissional do mercado?”
Devemos perguntar: “Quem é o profissional mais alinhado com esta vaga, para esta empresa, neste momento?”
É essa resposta que define uma contratação bem-sucedida.
Não se trata de encontrar um gênio. Trata-se de encontrar alguém com as competências certas, o comportamento ideal, os valores compatíveis e o desejo genuíno de fazer bem aquele trabalho.
Quando tudo se encaixa:
É isso que faz um candidato valer ouro: o alinhamento real com o que a empresa precisa.
Mas como encontrar esse candidato?
Você precisa conduzir um processo capaz de identificar esse encaixe perfeito. E, para isso será necessário:
1. Atrair uma grande quantidade de candidatos. Quanto mais profissionais participam do processo, maiores as chances de encontrar o ideal.
2. Avaliar muito além do currículo. O currículo traz informações importantes, mas não revela valores, comportamento, motivação, perfil emocional, cultura ou expectativas.
Tal como um garimpeiro, é preciso examinar muitas pedras que não servirão, até encontrar aquela que se encaixa perfeitamente. Esse é um trabalho que exige não apenas o olhar treinado de quem conhece, mas também tempo e energia para avaliar cada candidato com atenção.
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Porque um candidato bem alinhado vale mais do que um talento.
