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  Data: 29/11/2002 URL: Veja a matéria no site de origem
  Fonte: ISTOÉ Dinhei PrintScreen: Veja o printscreen da matéria original
POR DENTRO DO ESQUEMA CATHO (Pagina 1)

A maior empresa de recrutamento de executivos do País, a Catho, é ré num processo que corre na 33a Vara Civel de São Paulo. Na ação, a companhia é acusada de entrar irregularmente na base de dados de competidores, furtar informações e praticar concorrência desleal. A denúncia partiu de uma
das suas maiores concorrentes, a Curriculum, especializada na contratação de profissionais por meio da internet. Mas, ao longo
das investigações, apareceram outros nomes na lista de empresas que teriam arquivos acessados pela Catho, entre elas o Guia
OESP e a Embratel. Procurada por DINHEIRO, a Curriculum confirmou as denúncias. “A Catho furtou mais de cem mil currículos da nossa base de dados”, disse o presidente da empresa, Marcelo Abrileri. “Eles foram tão piratas quanto quem copia um software sem licença.” Thomas Case, dono da Catho, confirma que se apoderou
de informações de concorrentes, mas garante que fez tudo de acordo com a lei. “Tenho pareceres jurídicos que sustentam
minha posição”, disse à DINHEIRO.

O processo judicial corre desde abril, mas a principal peça dos
autos, até o momento, chegou às mãos do juiz Luís Mário Galbetti apenas na semana passada. Trata-se de um laudo preparado
pelos peritos Giuliano Giova e Ricardo Theil, nomeados pelo juiz Galbetti. Eles examinaram o conteúdo de mais de 30 computadores da Catho. Durante oito meses, os peritos leram documentos e e-mails registrados nas máquinas, somando mais de um bilhão de kilobytes de dados, o equivalente, segundo eles, a 33 mil processos judiciais completos. Com base nessas informações, escreveram um relatório de 5 mil páginas em que apontam uma série de irregularidades nos procedimentos da Catho em relação à concorrência. Além de confirmar as afirmações da Curriculum, os peritos chamaram a atenção para o uso de um software criado
pela Catho para capturar informações de outras empresas. Esse programa, chamado pelos funcionários da Catho de “rouba.phtml”, teria ajudado a Catho a obter mais de um milhão de currículos e endereços eletrônicos de pessoas que buscavam, através dos serviços dos sites, recolocação profissional.

O relatório traz a transcrição de e-mails e ICQs – programa de mensagem eletrônica instantânea – entre funcionários da Catho Online, o braço da empresa responsável pelas operações tecnológicas. Nesses diálogos, eles discutem como entrar nas páginas dos concorrentes na internet, acessar seus arquivos e baixar rapidamente para seus próprios computadores currículos e endereços eletrônicos dos clientes das empresas rivais. Os endereços eletrônicos seriam usados para enviar propagandas
dos diversos produtos da Catho, que incluem desde seminários e cursos ao programa de recolocação de profissionais – serviço
em que faz concorrência direta aos sites das rivais em que
captura os dados. Além disso, os currículos seriam usados para engordar a base de dados da Catho apresentada para empresas
que procuram profissionais no mercado.

Personagem central. “Eu robo (sic) gente grande, e coisa boa”, escreveu numa mensagem eletrônica transcrita pelos peritos Adriano José Meirinho, que aparece no centro das investigações. Com 21 anos de idade, Meirinho é o “webmaster”, o administrador do site da Catho. No relatório, aparecem vários diálogos em que ele diz que sua função é “roubar currículos”. “Tem q fazer propagandas, certo?”, teclou Meirinho, com as siglas típicas da linguagem da internet. “Então tem q fazer robots para entrar em pages, vasculhar e pegar e-mail.” Em outro trecho, aparece uma transcrição de um diálogo em que ele descreve sua atividade: “Me cadastro em tudo quanto é lugar...tipo para roubar email de pessoas.”




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