Ao fazer o seu currículo você procura pontuar sempre os principais tópicos que      interessariam ao seu possível contratador, certo? Como por exemplo, no campo de  experiência profissional – que acaba sendo um dos mais importantes – você  escolhe minuciosamente as palavras e como colocar cada uma delas.

O mesmo acontece com as suas atividades extracurriculares. Para quem não sabe  ou ainda tem dúvida no que colocar nesse campo, eu explico.

Atividades extracurriculares são as atividades que você realiza ou já realizou e  que contribuem para a sua formação pessoal e profissional, sendo um meio de  ampliação do seu currículo. Muitas vezes, essas atividades são um importante  diferencial para que você seja chamado para a entrevista.

Por isso, aqui vão algumas dicas das atividades extracurriculares que são bem  vindas no currículo e quais podem pegar mal se forem incluídas.

Praticar esportes

Deve ser mencionado evidentemente em casos de cargos totalmente relacionados à prática de esporte, como por exemplo, Instrutor de Academia. Em outras hipóteses, esta informação deve ser reservada somente para a entrevista, em um momento e contexto adequado. Por exemplo, nos momentos finais da autoapresentação, quando o candidato é solicitado pelo selecionador para falar de si mesmo.

Participar de grupos artísticos (teatro, dança, música, entre outros)

Exceto em casos de cargos totalmente relacionados à área, tais como atores, dançarinos, músicos,  apresentador de televisão, radialista ou outras atividades relacionadas à arte, esta informação deve ser reservada apenas para a entrevista e mencionada como um hobby que auxilia no desenvolvimento pessoal. Mas isso apenas em um  momento oportuno e quando solicitado.

Ser síndico do prédio

De uma maneira geral não deve ser incluído. Agora, se o candidato possui poucas experiências e houve uma atuação importante que foi realizada neste papel e que demonstre efetivamente atitude empreendedora e capacidade profissional do candidato, pode ser mencionado por pessoas de certos perfis profissionais, que buscam posição de supervisão ou gerência operacional, mas que ainda não têm experiência formal neste nível.

Participar de atividades religiosas

Da mesma forma como a resposta anterior, poderia ser mencionada apenas em casos onde o candidato tem pouca experiência, e também caso tenha tido alguma atuação bastante relevante dentro do contexto. Caso contrário, a atividade não deve ser mencionada. Também, neste quesito específico, isso só seria indicado se o candidato souber que o contratante também é da mesma religião. No caso de o candidato desconhecer a religião do contratante, é fortemente recomendado não utilizar estas informações, pois ele pode sofrer discriminação por parte de alguns no mercado. No entanto, caso seja uma atividade voluntária voltada à comunidade e promovida pela instituição religiosa, que independa da religião em si, pode ser mencionada como complemento, no final do currículo.

Participar de grupos de escoteiros

Depende. Se o candidato é escoteiro há muitos anos, desenvolveu-se bastante dentro do grupo e ocupa um cargo de líder, talvez possa ser relevante caso esteja em busca de um cargo de supervisor. Se ele é um jovem escoteiro, também pode ajudá-lo na busca do seu primeiro emprego, quando ainda não tem experiências formais no mercado, nem experiência acadêmica. Deve ser mencionado exaltando pontos relevantes da atividade e como ela auxilia no desenvolvimento pessoal e em habilidades relevantes para atuação na função específica desejada.

Participar de associações de bairro

É praticamente o mesmo caso que o daqueles que atuaram como síndicos, uma vez que o papel na associação seja de liderança ou envolva aprendizagem de habilidades realmente relevantes para o mercado – por exemplo, compras, contas a pagar, gerenciamento de equipes e de algum projeto. 

Praticar atividades voluntárias em asilos, creches, etc.

Sim. Pode ser mencionado, mas como um dos últimos ou mesmo o último item do currículo, com pouco destaque, para não parecer autopromoção. Tal informação é válida, principalmente quando a cultura do empregador envolve integração de equipe por meio de trabalho voluntário voltado à comunidade.

Estar envolvido em algum partido político

Não. Aqui vale praticamente a mesma regra que aquela dita anteriormente para a atividade religiosa. No entanto, aqui, o risco de sofrer discriminação é muito maior e, portanto, não mencione.

Ser sindicalista

Não. Aqui também vale a mesma regra anterior.

Ter feito cursos que não são ligados à área de atuação/interesse

A princípio não, a não ser em raríssimas exceções que só podem ser analisadas caso a caso, como, por exemplo, um curso excepcionalmente bom e relevante, mas não relacionado diretamente à área de interesse atual. Mesmo assim, o melhor é que cursos como estes sejam mencionados apenas na entrevista, dentro de um contexto adequado, caso seja solicitado.

Fazer um bico

Não. No entanto, cabe distinguir totalmente o “bico” de atividades como freelancer ou autônomo, que, se desempenhadas com regularidade, constância e consistência na área em que o profissional pretende atuar, sem dúvida devem ser mencionadas.

Cozinhar bem

Se o profissional está se candidatando a uma vaga nesta área, sim, mas de maneira estritamente profissional. Caso contrário, jamais.

Ter experiência internacional/intercâmbio

Sim, em especial para jovens profissionais os intercâmbios culturais devem ser mencionados. Já para quem tem mais experiência, se o profissional tiver vivência profissional no exterior em sua bagagem, mencionar isso é ganhar pontos com os selecionadores, especialmente em cargos em que o idioma estrangeiro seja necessário ou a vivência no exterior traga um aprendizado técnico ou uma formação específica.

Fazer iniciação científica

Sim, e principalmente para quem busca carreira acadêmica ou para jovens profissionais. Quem já tem experiência de mercado deve preferir focalizá-la.

Prêmios acadêmicos

Sim para jovens profissionais em busca de suas primeiras oportunidades na área em que querem atuar e em que se formaram. Para quem já tem mais experiência, pode não fazer sentido, a não ser que os prêmios permaneçam realmente relevantes para a carreira buscada, principalmente se for uma carreira acadêmica.

Participar/ter participado de grêmios estudantis ou centros acadêmicos

Pode ser mencionada apenas quando o jovem, ainda sem experiência profissional, está buscando formular conteúdo de sua vivência para incluir no currículo, com informações sobre, por exemplo, as principais realizações em sua vida acadêmica que possam ser relevantes para a futura vida profissional.

Apresentar palestras e seminários

Apesar de ser um bom conteúdo, o difícil é arrumar espaço no currículo especialmente reservado para esta informação. Pode ser mencionado de passagem na descrição do resumo de experiências do profissional.

Ter Blog/Fotolog

Depende. Se o cargo estiver ligado, por exemplo, à área de redação, pode ser bastante relevante. Ou ainda se o blog for voltado para assuntos específicos da área de atuação, em que o candidato demonstra sua expertise na área. Também pode ser mencionado para perfis de candidatos da área de criação publicitária, desde que o blog esteja voltado à sua produção profissional. No entanto, é muito arriscado apresentar um blog com erros de português, mal escrito ou que seja utilizado como um diário. Pode depor contra.

Ter feito uma empresa júnior na faculdade

Mesma coisa que prêmios acadêmicos e participação em grêmios. Somente para o perfil de jovens, nas circunstâncias já descritas. Para perfis com mais experiência, a própria experiência de mercado é que deve falar mais alto.

Ter experiência como dona-de-casa

Exceto se o cargo for operacional e relacionado a atividades de limpeza e manutenção de escritórios, é melhor omitir, pois poderá gerar preconceito por parte de alguns selecionadores, por mais que a dona de casa seja uma excelente administradora das questões domiciliares. Há que se levar em consideração que os currículos, de uma maneira ou de outra, são comparados lado a lado. Currículos com essa informação podem perder terreno para aqueles que apresentem exclusivamente informações sobre experiências profissionais formais.

Liderar alguma das atividades acima

Depende de qual atividade. Algumas podem ser mencionadas no CV, como a liderança em alguma atividade voluntária, por exemplo. Outras podem ser mencionadas em contexto adequado, se solicitadas em entrevista por meio de perguntas como “em que situações de vida você já atuou como líder?”.

Aproveite essas dicas e boa sorte!